domingo, 29 de agosto de 2010

Bedroom


Na parede. 


São quase que suportáveis.


Parecem  golpes de coisas frustradas, loucas por entrar onde estás.


Te controlam em horários propícios.
Eles têm um nome que logo ninguém se recorda, são fracos, ou vulneráveis.


Mesmo sem vê-los, sabes que eles estão aqui por você,
sabes que estão loucos sentindo o aroma de seu corpo,
esperando ser o único a poder destroçar-te,
como se fosses algum prêmio a ser disputado neste único segundo. 


Te falam coisas, te seduzem, e aos poucos paredes não são mais obstáculos, 
o medo, já não é mais o mesmo. 


Os olhos não sabem se permanecem como estão,
ou, no abismo das sombras, sem rumo. 


A eterna dúvida, a eterna chance de correr. 
O corpo nunca mais sairá de onde está. 


Eles sussurram nomes, gritam palavras, você ouve, mas não crê. 
A escuridão não é pacífica, eles se tornam as sobras que lhe envolvem a cabeça, 
e junto com o seu desespero eles chegam até você, furiosos e agressivos. 


Não existe a permissão, não existe mais o silêncio. 
Tudo está se tornando insuportável agora, eles mexem por tudo, 
destroçam seu pensamento, e só o que sabes fazer é respirar, forte cada vez mais. 


Puxam de seus cabelos, rasgam seus lenços, arranham sua face. 
Cantam como crianças abandonadas, livres de seus deveres e tão maturas. 
Vês somente as sombras, as coisas que se caem, ouves tudo o que não querias, 
cada vez mais de perto. 


De que lhe adianta correr? 


De que lhe adianta gritar?


Eles estão aqui e só vão parar quando seu corpo inteiro destroçar. 


" Pequena menina que permanece acordada,
não deixes que seu pesadelo fuja de sua muralha
ele procria e se desenvolve através de seu medo. 


Criança, não corra. Já não é tempo de ser criança. 
Enterre-se no seu próprio erro, suba e entregue-se, 
diga-lhes que jaz uma sonhadora, e que morre por sua imaginação." 


E como famintos lobos te agarram 
nada de ti sobra, mais que a coragem, 
és divina, pequena. És magnífica. 
Porém, ainda és uma menina. 

sábado, 28 de agosto de 2010

Cativa-me



Como és cálida e sábia,
te vejo sobre os mais altos montes 
inatingíveis, quase perfeitos. 


Não há coisa ou lugar que a descreva,
és como uma criatura de meus sonhos 
vinda de dentro das mais belas flores. 


Tu sabes bem o que és, 
pedaço de preciosidade pálida
mórbida e atingível. 


Cores de sua fonte de fios rara, 
curiosidade de seus delicados membros, 
és como o sonho que sempre quis ter.


Sonhei que poderias ser minha, 
mesmo que, no seu pedestal eu nunca ousei encostar, 
te admiro como um colecionador. 


Te quero de longe, 
e de perto, tudo o que tenhas a me dar
força carnal, boca fraca. 


As vezes já não te quero mais. 


As vezes me dás asco. 


As vezes eu me farto com sua essência. 


Porém, ninguém descreverá essa minha criatura como eu o farei. 
Não encontro ainda o que me faça pensar que esteja aos seus pés, 
sem dúvida és tu. 


Um amor odiado, 
"vou na minha inimiga imaginando", 
és aquilo que me tira do eixo. 


És também aquilo que eu mais detesto
E quero sua santidade
assim como já não te quero mais.  

sábado, 14 de agosto de 2010

Haja vista o fascínio





Mil coisas já coloquei escritas aqui e mesmo assim nada vira algo que supra além de meu ego, também o meu orgulho. 
São coisas superficiais, sorrisos involuntários, 
não quero, não quero, mas eu vou. 
Custa se render a tais momentos, tudo conspira. Tudo serve, tudo procria. 


O toque, o sentir, o ato, a iniciativa. 


Os braços já acostumados com aqueles outros vizinhos, nunca se satisfazem, mesmo completamente supridos. 


Não me autorizo tal rendição! Os momentos são fúteis, são apenas momentos e circunstâncias que proliferam  aquilo tudo que me trazes de bom. Logo, me rendo. 


Logo só consigo te ver, e se realmente eu te vir, é um pecado ceder, já que sei que não faço mais que te ver. 


Oras, sei que não preciso disso para meu bom funcionamento interdisciplinar, sei que é de controle que eu preciso. 
Sei que não basta um toque, 
um beijo, 
sei que não. 


Eu sei também que és algo que me fascina. 


Algo que eu realmente não tenho pra mim, e isso é de um valor imenso. 
Responsabilidade tanta que aprecio este cuidado com belos e delicados momentos. 


És mesmo quantidade vasta de belas coisas, 
me fizestes ser um outro comum, como tantos uns que matariam por ter-te. 


O que me fizestes?