domingo, 24 de outubro de 2010

Fácil





Sabe querida, as coisas não funcionam assim tão fácil quanto pensas. 
A situação não é assim como pensas que é. 
Não temos essa garantia toda a qual pões fé. 

Não se machuque. 

Não grite. 

Não se apavore. 

Tudo isso é futilidade, é tudo muito mais simples daquilo a que pensas, 
pode ser tudo muito mais fácil, é questão de ciência. 

Existem águas a serem exploradas, e o que nos impede é justamente o comodismo, 
ou a simples imposição da sociedade, onde eles escolhem o que é certo e errado. 


Posso eu estar errado? 
Estarei eu sendo anarquista? 
Mas quem diz que isso é errôneo?

Somos limitados, somos julgados, somos queimados vivos. 

Me diga se não é trabalho de vagabundo passar a vida inteira olhando coisas e determinando se são mesmo lícitas. 


Resolvi criar um próprio mundo, lá onde nascemos e morremos nús. 
É um lugar de paz, fazes o que queres, julgue-se se estais errado. 
Um lugar de amores possíveis, fáceis, simples, e sem o martírio que o próprio causou. 


Estamos todos criando um novo conceito, 
assim como posso criar uma música com compassos e harmonia que não condizem com aquela que "há de ser", 
posso criar-te poemas, mas não serão metrificados, e, nem por isso é que eles serão menos belos. 


Não somos desiguais, fora do padrão, anarquistas. 
Gostamos de variedades, e estamos fartos dessas imposições. 


Já não existe o martírio do sub-consciente, 
este, 
que te mostra o que fizestes e te julga, 
torturando sua mente fazendo-te lembrar daquilo que te causa vergonha.   


Quem és para julgar-me? 


Aceite sua vida mais pura, e acompanhe-nos a este novo mundo chamado Libertação. 






terça-feira, 19 de outubro de 2010

Meu sótão


Ouço;

São piores que da última vez, não me fazem caso, 
nunca se rendem. 
Parece que gostam de me fazer mal. 

Conheço forças, 
eu já possuí forças, 
mas força alguma se compara a esta presente agora. 

Sinto;

Eu tenho certeza de que tudo aqui está fechado, 
Conferi antes de me deitar, 
tinha certeza. 

Mas, ainda não consigo me conformar, 
A brisa que sinto não vem de minha respiração, 
essa eu conheço bem, 
é muito mais fria e forte. 

Em minha nuca, no meu rosto, 
ouvidos. 

É forte em instantes, 
e tento me convencer de que são os insetos que me acompanham as vezes. 
Não são, pois, 
nesta noite nem eles se atrevem a vir me ver. 

Tu me dissestes,
 me prometestes que estaria bem, 
dissestes que não passa de uma psicose. 
Que eles não existem;

Como eu queria lhe crer. 

Agora aqui, imobilizada, 
sussurrando piedade, 
com o aquilo que bate forte, 
quase por fugir. 

Pálida, devo me confundir com o mórbido das colchas, 
mas eles não me confundem, 
sentem que ainda estou ali, 
escondida em uma cúpula indiferente para os seus olhos. 

E você, 
onde anda quando eu mais preciso?
Aos prantos tento pensar em outra coisa, 
enquanto eles invadem minha mente, 
me imobilizam, 
e levemente, 
com uma delicadeza que não corresponde ao monstro que é, 
brincam comigo. 

Se fossem rápidos, 
se fossem explícitos, 
mas não. 

Tento acordar algo que me ilumine, 
mas infelizmente as luzes sempre são as mais difíceis de alcançar. 
Ou a minha vida, ou a luz.


Eles se burlam enquanto eu decifro onde é que eles estão, 
E dando suspiros na imensidão daquele breu é que eles sorriem pra mim. 
Satisfeitos. 

Quando eu não aguento mais tanta tortura, 
eles se encaixam nas paredes para me vigiar. 

Sono, 
madrugada perdida, 
cansaço. 

E volto aos sonhos vazios, 
onde predomina sempre o triste rubro. 
Não consigo me manifestar em ele, 
e quando penso que posso ali me perder, 
sinto que me acordam com muitos empurrões, 

gritos! 
medo!
sufoco!


Escuridão novamente. 

E esta inquietude assim se prolifera até que os míseros e tão demorados raios de sol venham para acalmar meu sótão da tortura. 







quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O cinza


És crú, 
feito de carne que eu nunca como. 

És sólido, 
palpável e inatingível. 

Belo prado possuis e nenhum animal inanimado feito eu tem permissão de pastar;

Pareces uma coisa, 
mas és outra. 

És outra cor, 
enquanto eu permaneço no cinza. 

És belo, 
E boniteza nenhuma me pertenceu. 

Guardo de ti o instante mais profundo,
que de mais importante se manifestou. 

Guardas de mim apenas o cinza, 
que foi o único que de mim sobrou. 



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Desabafo


Triste saber que na ausência da luz a escuridão prevalece. 
Tão triste quanto acreditar que não há dualidade, 
mas é mentira. 

Ela sempre disse muito "não". 

Ela sempre se fez de muita negatividade, 
ou era o que ela queria.

Tão triste e anormal que dava pena, 
porém, isso só ocorria quando ela se via presa dentro do mundo que a fizera. 

Diziam por aí que ela visitara criaturas com frequência, e que neles se transformava. 
Ela era como parte deles, sempre pertenceu alí. 

Mas como? 
Como pode ela deixar toda a sua raíz para ir brincar de fantasma onde ela nunca pertenceu?

Não parece justo, mas é fato. 

Eu a vi já uma vez, mas a muito tempo. 
Logo no início de sua loucura. 

Dava realmente, muita pena. 

Eles diziam que ela era um tipo de boneca que se movia igual á eles, 
mas ela afirmara uma vez, que os alienados somos nós. 

Disse que não vemos mais além do que nos é imposto, 


Afirmou ter hesitado antes de seguí-los, 
foi confiante, disse ter conquistado-os, 
cativado-os, assim como eles a cativaram e cuidaram. 

Me contou de suas façanhas, 
aquilo, confesso, me brilhava nos olhos. 
Mesmo que ela parecera uma espécie de animal nunca antes visto, 
eu senti ternura ao encará-la. 

Tudo aquilo parecia o céu, 
ela era simples e perfeita, para mim. 

Os loucos eram lindos. 

Porém, aquilo não era nada lícito. 
Era mesmo um paraíso, um pecado. 

Eu lhe disse que não a deixaria continuar assim, 
Me sentí ofendido quando me disse que eu teria que ir também. 

Disse-me muitas proezas, e tentou me seduzir. 

Eu juro, 
não foi minha intenção,
não foi por querer, 
só fiz o que havia de ser feito. 

E ninguém nunca mais reclamou da criatura, nunca mais.

sábado, 9 de outubro de 2010

arma






Sei que prefiro morrer.

Prefiro arder em chamas.


Sei que é menos doloroso.
Já não inventaram algo tão malévolo.
É uma dor interna, que não consome, não destrói.

É uma dor infinita que não mata,
só aumenta o desgosto e a vontade não mais existir,
mesmo que, a sua arma seja manter-te vivo.

Ah, como eu prefiro morrer.

É como ser esfaqueado,
mas não por inteiro,
o que o deixaria horas e horas sangrando,
sufocando, gemendo de dor até a morte,
que, neste caso, não chega.

Se é preciso,
se é necessário,

se há de passar por toda esta ação errante,
maldigo-lhe eternamente,
e me sacrifico antes,
a ter de amar novamente.

Ana


Por instinto tenho passado meu tempo sem outra preocupação a não ser me fartar de alguém. 
Meu organismo já preparado para tais situações não se importa se é o meu cérebro que não se internou totalmente em essa ideia. 

Instinto;
Carnal; 
Saturação;
Pacificidade.

Não fui criado para suportar, 
nunca consegui fazer com que me prendam facilmente, 
mesmo que eu queira no momento pré-carnal. 

O que eu tenho feito não desejaria. 
Utilizar esses seres, nunca me disseram que era lícito. 

E por não sugar-lhes o que me era adequado, ou por mera pena, 
venho hoje eu contar-lhes minhas mágoas. 

"Olhe bem para quem te fala, 
e não o cales sem ouvir que te diz. 

No decorrer de meus dotes, 
vi uma criatura mística, 
tão estranha e cálida que não me lembro onde estive.
Tinha um alto radiar de vibrações insanas, tímidas e sábias. 

Nela eu vi mais uma vítima de meus truques, 
tão fácil de iludir. 
Como tantas que já marquei. 

Não sinto orgulho. 
Fato. 

Mas ela era linda. 

Conquistou-me, incluso, 
coisa que nunca ocorrera. 

Chega!

Não penso me render, mas desta vez o que eu menos queria para meu ego e orgulho era ter que ceder. 
E foi o que me fizestes fazer, mizerável. 
Sofro ao ver que meus dotes me levaram ao meu veneno, e podre no túmulo hoje eu pago por ela. 

Ana, Ana, não se sinta culpada. Eras tu a que vingaria esse temor de teus ancestrais. 

Grandiosa eres, e corres por viver, mesmo que de mim você jamais irá se esconder."



domingo, 3 de outubro de 2010

Conceito






Céus, o que há de errado neste sentimento abstrato?


Nunca me julguei sábio, porém sei que existem definições absurdas para pequenos momentos, que em nossa natureza como seres, não seriam tão restritas.


Céus, mandem já parar essa mente projetada que sem pena comanda todo aquele que se diz anarquista.


Onde anda a nossa capacidade de pensar?
Onde anda a nossa vida?
Onde estão os direitos?


Mas quais direitos?


Céus, mandem eles pararem.


Diga-lhes que um sentimento pode ser muito mais simples,
uma vida pode ser muito mais pura,
um beijo pode ser muito mais sincero.


Céus, sei que não sou sábio, porém, fiz de tudo para conservar minha mente aberta e simples.