terça-feira, 19 de outubro de 2010

Meu sótão


Ouço;

São piores que da última vez, não me fazem caso, 
nunca se rendem. 
Parece que gostam de me fazer mal. 

Conheço forças, 
eu já possuí forças, 
mas força alguma se compara a esta presente agora. 

Sinto;

Eu tenho certeza de que tudo aqui está fechado, 
Conferi antes de me deitar, 
tinha certeza. 

Mas, ainda não consigo me conformar, 
A brisa que sinto não vem de minha respiração, 
essa eu conheço bem, 
é muito mais fria e forte. 

Em minha nuca, no meu rosto, 
ouvidos. 

É forte em instantes, 
e tento me convencer de que são os insetos que me acompanham as vezes. 
Não são, pois, 
nesta noite nem eles se atrevem a vir me ver. 

Tu me dissestes,
 me prometestes que estaria bem, 
dissestes que não passa de uma psicose. 
Que eles não existem;

Como eu queria lhe crer. 

Agora aqui, imobilizada, 
sussurrando piedade, 
com o aquilo que bate forte, 
quase por fugir. 

Pálida, devo me confundir com o mórbido das colchas, 
mas eles não me confundem, 
sentem que ainda estou ali, 
escondida em uma cúpula indiferente para os seus olhos. 

E você, 
onde anda quando eu mais preciso?
Aos prantos tento pensar em outra coisa, 
enquanto eles invadem minha mente, 
me imobilizam, 
e levemente, 
com uma delicadeza que não corresponde ao monstro que é, 
brincam comigo. 

Se fossem rápidos, 
se fossem explícitos, 
mas não. 

Tento acordar algo que me ilumine, 
mas infelizmente as luzes sempre são as mais difíceis de alcançar. 
Ou a minha vida, ou a luz.


Eles se burlam enquanto eu decifro onde é que eles estão, 
E dando suspiros na imensidão daquele breu é que eles sorriem pra mim. 
Satisfeitos. 

Quando eu não aguento mais tanta tortura, 
eles se encaixam nas paredes para me vigiar. 

Sono, 
madrugada perdida, 
cansaço. 

E volto aos sonhos vazios, 
onde predomina sempre o triste rubro. 
Não consigo me manifestar em ele, 
e quando penso que posso ali me perder, 
sinto que me acordam com muitos empurrões, 

gritos! 
medo!
sufoco!


Escuridão novamente. 

E esta inquietude assim se prolifera até que os míseros e tão demorados raios de sol venham para acalmar meu sótão da tortura. 







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