quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O cinza


És crú, 
feito de carne que eu nunca como. 

És sólido, 
palpável e inatingível. 

Belo prado possuis e nenhum animal inanimado feito eu tem permissão de pastar;

Pareces uma coisa, 
mas és outra. 

És outra cor, 
enquanto eu permaneço no cinza. 

És belo, 
E boniteza nenhuma me pertenceu. 

Guardo de ti o instante mais profundo,
que de mais importante se manifestou. 

Guardas de mim apenas o cinza, 
que foi o único que de mim sobrou. 



Um comentário:

  1. Flutuações termo biológicas de tua essência
    Num copo plástico nicotinado e incolor
    Na borda, a luz tangente me atinge
    E fere meu lábio com teu cinza agoniado
    Nem bebo, nem trago
    Só vejo o fundo
    E o fundo esvazia-me os pulmões
    E o fundo seca-me a boca
    Até afogarem meu infinito
    Noutro copo de vinho

    ResponderExcluir